Birdwatching em Urupema, SC
Pela Serra Catarinense
Por: Lúcia Rogers
Fotos foram gentilmente cedidas por Lúcia Rogers e equipe
Fotos foram gentilmente cedidas por Lúcia Rogers e equipe
Papagaios-charão: objetivo principal da viagem |
O objetivo principal da viagem era observar o espetáculo dos bandos de papagaio-charão, que, todos os anos, nesta época, (maio, junho) se dirigem a Urupema, para se deliciarem com os pinhões das abundantes araucárias da região.
Em voo direto, Rio – Floripa, desembarcamos por volta das 10 horas e partimos para a locadora de automóveis escolhida após minuciosas pesquisas na Internet: a TOPO. Tinha boas referências e ótimos preços, mas ninguém já ouvira falar dela e, por isso, estávamos um pouco apreensivos. Havíamos reservado um Doblo, da Fiat, que, pelos nossos cálculos, seria perfeito para os cinco aventureiros mais as suas tralhas, que não eram poucas! A locadora não desapontou, e, para nossa surpresa, ao invés do Doblo, recebemos um Spin 2014, confortável e espaçoso. Mesmo assim, colocar a bagagem no porta-malas foi um desafio! É que, como Urupema tem a fama de cidade mais fria do Brasil, o pessoal se preparou para enfrentar o Polo Norte e as malas ficaram bem gorduchas! Felizmente, graças ao talento da Isabel para resolver quebra-cabeças, tudo foi bem acomodado. E aí... surpresa maior: câmbio automático!!! Alessandro, escolhido o motorista oficial da excursão, nunca tinha dirigido um assim! Cadê o pedal da esquerda? Cadê a marcha? Foi preciso apelar para o funcionário da locadora para algumas rápidas instruções, depois do que o Alessandro achou que seria “facinho”! Bem, de começo não foi tão “facinho” assim! E a mulherada palpitando o tempo todo! Se o Alessandro não tivesse tido uma paciência de Jó, teria parado e amordaçado a todas nós!!!
Morro da Igreja - Urubici, SC |
Finalmente, parada para o almoço no Mério's Country Bar e Restaurante, que tinha um aspecto agradável, em Rancho Queimado, na estrada. Acertamos em cheio: comida deliciosa e, melhor ainda, barata!!! Saindo do restaurante, ainda tivemos a surpresa e alegria de ver a primeira gralha-azul e com um pinhão no bico! Alvoroço geral e tentativas frustradas de fotografar. Mas valeu o “avistamento”!
Depois de mais uma rápida parada para um cafezinho, chegamos a Urupema, lá pelas 5 horas. Uma cidade encantadora! Minúscula! Município com 2.500 habitantes, a maioria morando na zona rural. Muitas casas de madeira pintadas de cores pastel: amarelas, azuis, cor-de-rosa, lilases, sem grades, sem cercas e com jardins muito floridos. A pracinha bem cuidada, florida também, e a igrejinha pitoresca. Mas ainda não era esse o nosso destino. A Eco Pousada Rio dos Touros, onde iríamos nos hospedar, fica fora do perímetro urbano. Lá chegamos, alguns minutos depois, e fomos super bem recebidos pelos proprietários, Rose e Fernando e pelo filho do casal, o esperto Guilherme, de 7anos.
Pôr do sol de tirar o fôlego |
A natureza nos recepcionou, também, com um espetáculo deslumbrante: um pôr de sol de tirar o fôlego! As araucárias escuras recortadas contra um céu incrivelmente avermelhado!
Caindo a noite, fomos fazer uma “corujada”, guiados pelo Fernando, dono da Pousada. Um breu total! Todos com as lanternas apagadas para não afugentar a coruja que vocalizava, ali perto. A certa altura, e numa parte íngreme do caminho, o Fernando resolveu pegar um atalho pelo meio do mato. De repente, cadê a Lúcia??? Caiu num buraco de tatu!!! Feito o resgate, seguimos às cegas. Osso duro de roer, caminhar pelo meio do mato, na escuridão total! Mas a coruja merecia! Era uma corujinha-do-sul, para nós, novidade e raridade absolutas! Não podíamos perder! E, finalmente, lá estava ela, posando tranquila para nós. Teve os seus 15 minutos de fama! Fotografada , examinada com binóculos e muitíssimo elogiada. Finalmente, se cansou de nosso Voyeurismo e procurou um canto mais sossegado.
Após tantos esforços, num frio de 8 graus, esperamos o jantar de truta, comendo pinhão assado e bebendo vinho. Depois? Pra caminha, que ninguém é de ferro! Alessandro, Isabel e Andiara em quartos individuais e Angélica e eu dividindo um quarto.
No dia seguinte, nós duas levamos um “puxão-de-orelha”: é que a pousada tem as paredes finas,
de madeira. E ninguém conseguiu dormir enquanto não paramos de tagarelar e dar risadas. Felizmente, éramos os únicos hóspedes!
No dia seguinte, nós duas levamos um “puxão-de-orelha”: é que a pousada tem as paredes finas,
de madeira. E ninguém conseguiu dormir enquanto não paramos de tagarelar e dar risadas. Felizmente, éramos os únicos hóspedes!
Após delicioso café-da-manhã, com direito a interrupções frequentes para apreciar e fotografar a passarinhada que aparecia bem em frente à janela (cada um mais lindo que o outro) encontramos o guia que havíamos contratado, o Rafael. Aí, tivemos que nos dividir : Angélica e eu, no carro do Rafael e Andiara, Isabel e Alessandro, no nosso carro. E um rádio, com o qual nos comunicávamos, de um carro para o outro: “gavião à esquerda, na árvore seca. Câmbio” ; “bando de canários-do- brejo, à direita!” “Vamos parar”. ”Positivo e operante!” Luxo total!
Mais ou menos às 2 horas, resolvemos almoçar e partimos para Urupema em busca de um restaurante. O primeiro que localizamos, estava fechado. Aí nos informaram que, na cidade, só havia mais um, que, para nossa surpresa, também estava fechado. Os restaurantes, por lá, só funcionam até a 1 hora! Esse último, por sorte, tinha uma porta de vidro e, como vimos uma senhora lá dentro, resolvemos bater e “mendigar” algo para comer. Compadecida de nossas caras de fome, ela gentilmente, reabriu o Restaurante Santana , pelo que lhe seremos eternamente gratos. Comida deliciosa e, mais uma vez, barata! Parece que por lá se come com pouco dinheiro!
Curicaca - Theristicus Caudatus |
À noite, já havíamos nos informado de que o Restaurante Santana estaria aberto, não para jantar, mas para um lanche e lá comparecemos. Na volta para a Pousada, o Alessandro resolveu fazer um tour pela cidadezinha e acabou entrando numa rua de pedestres, toda em curvas, e sem saída. Teve que voltar, numa complicadíssima marcha à ré, mais uma vez com a mulherada opinando sem parar! Aff!
O interessante é que era noite sábado, e não se via uma viva alma nas ruas. Parecia uma cidade fantasma, ainda mais com a névoa envolvendo tudo. Não olhamos o termômetro, mas estava bem frio! No dia seguinte, pela manhã, fazia 4 graus.
Nessa noite, imposta a Lei do Silêncio, Angélica e eu ainda conversamos um pouco através de mímica e abafamos as risadas sob as pilhas de edredons. Detalhe: a Pousada não tem calefação!
No dia seguinte, logo que saímos para a estrada com o guia, demos de cara com um bando IMENSO de papagaios-charão. E dessa vez eles estavam descendo sobre as araucárias! Aos montes, centenas, numa barulheira infernal. Um espetáculo inesquecível! É claro que paramos os carros e levamos horas ali, apreciando, fazendo fotos, filmando, usando os binóculos, completamente embevecidos! Até que o bando resolveu levantar voo e procurar novos locais de alimentação.
Pedreiro - Cinclodes Pabsti |
O graxaim |
À noite, Alessandro, Angélica e Isabel resolveram ir à missa. Andiara e eu ficamos na Pousada e tivemos uma belíssima surpresa: o graxaim apareceu e, mesmo ressabiado e de longe, deixou que fizéssemos ótimas fotos.No dia seguinte, bem cedo, já com saudades, despedimo-nos da Pousada e seus simpáticos donos. Pegamos a estrada de volta, progamando conhecer mais uma cidade da região: Urubici. Esta, uma cidade maior, com boa infraestrutura para receber turistas, principalmente no inverno, quando cai a neve. (Em Urupema também cai, mas o turismo lá é menos explorado). Em Urubici fomos conhecer o famoso Morro da Igreja, donde se tem uma vista deslumbrante e se vê a Pedra Furada, uma formação rochosa diferente e muito linda. Foram milhares de fotos no local e, Angélica, ainda não satisfeita, pediu a um senhor que também turistava por lá, para fazer uma foto do grupo com o celular. Após várias tentativas frustradas, ele devolveu o celular e se ofereceu para fotografar com a câmera mesmo. Mas o episódio nos rendeu boas gargalhadas! Já no carro, Angélica resolveu examinar o celular e lá estavam várias fotos do turista, com uma cara engraçadíssima. Sem querer, ele havia feito vários selfies!!!
Almoçamos em Urubici, mais uma vez encantados com a comida e, principalmente, com o preço dela. Era um restaurante de comida a quilo. Eu estava com bastante fome e comi MUITO bem. Paguei doze reais! E a sobremesa, três tipos a escolher, era cortesia da casa!
Com saudades, deixamos este lugar |
E aí, estrada de novo e de olho no relógio. Tínhamos hora para devolver o carro. Chegamos com meia hora de atraso, mas dentro do prazo de tolerância.
Depois disso, aeroporto, atrasos irritantes, mas, tudo bem. Chegamos ao Rio numa noite de céu muito limpo, e eu, na janelinha, me encantando com a maravilhosa vista da chegada!
E assim foi! E mais será quando, com certeza, partirmos para novas aventuras!
Você poderá gostar de ler também sobre Birdwatching no Equador.
Como é bom viajar por onde somos bem recebidos, faltou as fotos.
ResponderExcluirSer bem recepcionado não tem preço, Kallyne!
Excluir