Comprar ou não comprar em viagens?
Por: Adriana Aguiar Ribeiro
Eis a questão!
Imagens valem muito! Rio de Janeiro, Brasil |
O desejo de trazer uma lembrança que recorde o lugar visitado não é uma prática moderna, originária da sociedade de consumo capitalista da atualidade. Este desejo remonta a Idade Média, quando as pessoas se deslocavam para outros lugares, em peregrinações religiosas.
Nos dias atuais, o hábito de adquirir os souvenires dos locais visitados ganhou forças, estimulado pela mídia que propaga o consumo desenfreado. Grande parte dos viajantes mudou o foco da viagem de lazer para a viagem de compras. Principalmente os turistas originários dos países em desenvolvimento, que nutrem uma ânsia por novidades materiais e veem nas viagens uma chance de comprá-las a preços mais razoáveis, livres de altas cargas de impostos. Mas há também turistas de alguns países ricos, como o Japão, que fazem a festa do comércio por onde estão passando.
“Na Idade Média as pessoas eram turistas devido a sua religião, ao passo que hoje elas são turistas porque o turismo é a sua religião.”
(Dr. Robert Runcie, Arcebispo de Cantuária, Observer, 11 de dezembro de 1988)
Apreciando nascer do sol em Fort Lauderdale, USA |
Vamos aqui refletir sobre este hábito: será que não usamos o pretexto da viagem para acabar comprando coisas das quais nem precisamos ou desejamos apenas porque encontramos a mão uma série de novidades e “gadgets” que sequer conhecíamos? Já pensou em quanto tempo do passeio acaba roubado pelo tempo gasto com as compras? O quanto você deixa de conhecer do povo, da cultura e do local visitado? Quanto peso extra é imputado ao viajante? A inútil preocupação com os limites de peso da bagagem e com os limites de valores alfandegários? Quanta tralha que vai encher mais a sua casa... Quanto consumo de supérfluos que serve mais para alimentar o lento, pesado e danoso ciclo de extração, produção, venda e descarte, que destrói cada dia mais o nosso precioso planeta!
Imagens que não tem preço - Búzios, Brasil |
Não é fácil essa mudança de concepção. Exige prática diária, até no dia a dia de nossas vidas. Mas é necessário que cultivemos uma consciência mais ambiental. Tenho buscado este hábito e confesso que é difícil. Não precisamos ser radicais fazendo uso de habitação verde, consumo zero de bens descartáveis, entre outros. Podemos começar fazendo a nossa parte, procurando viver com mais equilíbrio, economizando água, energia, fazendo uso de bolsa reciclável, diminuindo o lixo e reciclando o que for gerado. Isso já ajuda! E buscar um consumo mais racional e menos insano é importante. E isso vale também para as viagens.
Passeio de camelo, Natal, Brasil |
É verdade que a mídia propaga, diariamente, os anúncios massivos, que nos fazem acreditar que a felicidade vem em caixas, de preferência embaladas com papel de presente. Mas será que isso é verdade? Não tem mais valor a alegria genuína de um tostar ao sol ou um banho de mar, sem hora para acabar? De poder assistir a um bom show, um concerto musical, uma peça teatral, ou fazer uma boa refeição? Ou quem sabe um passeio de camelo?! É verdade que algumas atividades citadas não deixam de gerar consumo material. Mas são mais calcadas na geração de serviços, que melhor proporciona a divisão de rendas no planeta, e fazem parte do grande barato que é viajar!
Ah, mas tudo bem se você não resiste e faz umas comprinhas... Ninguém é de ferro! Esta matéria é mais uma reflexão sobre o viajar por viajar, sem fazer disso uma razão para comprar. E no dia a dia, se você aplicar estas ideias, com certeza vai sobrar mais para poder viajar. Já pensou nisso?
Curiosidade: a partir do século IXX, com o surgimento da fotografia, ao desejo de trazer uma lembrança do lugar, somou-se a vontade de trazer também a imagem do que se contemplava. Isso hoje é um vício praticado por quase todos turistas. Mas é inócuo! Por isso, vamos fotografar mais e comprar menos.
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Muito interessante. Já pratico isto e não me arrependo.
ResponderExcluirOi, Marina! Bom ter uma viajante experiente como você visitando o blog. Obrigada por compartilhar suas ideias por aqui. Beijos, Adriana
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