Kotor Cidade Murada - A cidade dos gatos

Viagem em Outubro/2019

Dando continuidade à viagem de 43 dias pela Europa, na matéria de hoje contaremos como foi a chegada, navegando, na cidade de Kotor, em Montenegro e a visita a sua Cidade Murada, Patrimônio Mundial da UNESCO.

Acordamos de madrugada, ainda escuro, pois sabíamos que a entrada do navio no Golfo do Kotor reservava boas surpresas. 

Imaginávamos encontrar o convés vazio, devido à hora. Mas para nossa surpresa, encontramos uma quantidade significativa de passageiros que, avisados como nós, já se aglomerava pela proa e convés, em busca dos melhores lugares para ver o espetáculo.  

Leia aqui sobre o roteiro deste cruzeiro de 7 noites 

O golfo assemelha-se a fiordes e, ao longo do caminho, avista-se lindas construções históricas como pequenas igrejas, fortalezas e casinhas, distribuídas em povoados, ou espalhadas sobre as montanhas rochosas, expressiva massa cinzenta, que impacta a paisagem. 

Detalhes da entrada no Golfo de Kotor

A medida que o dia clareava, novas tonalidades tingiam o golfo e revelavam com nitidez a beleza da entrada. 

Não sei se influenciada por tudo isso, achei Kotor um destino lindo, multiplicado por dois!

Kotor, Montenegro

Desde o fim da Primeira Guerra Mundial, Montenegro perdeu sua independência e identidade, com seu território sendo remanejado à diversas nações. Só bem recentemente, em junho de 2006, Montenegro declarou sua independência da Sérvia, pondo fim ao ex-estado europeu da Sérvia e Montenegro

Golfo de Kotor e as montanhas rochosas
Com uma população aproximada de 620.000 habitantes, esta pequena e montanhosa república fica situada nos Balcãs, no Sudeste da Europa, e é banhada pelo Mar Adriático, por onde navegamos até chegar lá. 

A facilidade da ancoragem do navio, próxima ao centro de Kotor, foi a cereja do bolo da visita. Bastou o embarque no barco auxiliar e, em poucos minutos, atracamos no pequeno porto, bem em frente à cidade histórica. 

Foi maravilhoso estar tão próximo à cidade velha, com muita liberdade de ir e vir para os passageiros. Ancoramos às sete da manhã, com a promessa de zarpar às cinco da tarde, o que foi tempo de sobra para perambular pela minúscula cidade murada.

Chegada ao porto em barco auxiliar. Esq. quiosque de informação ao Turista. Dir. Porta do Mar

Cidade Murada de Kotor ou Cidade dos Gatos

Desde o porto de desembarque caminhamos poucos metros, atravessando uma rua, para chegar ao Portão do Mar (1555), o portão principal para acessar a cidade histórica.

Antes de entrar paramos no quiosque de informações ao turista, que fica ao lado esquerdo do portão e fornece mapas e dicas para a visita.  

Praça de Armas: Torre do Relógio e pirâmide usada para tortura no passado, entre outros prédios

Ao cruzar o Portão do Mar tivemos a impressão de ter atravessado um portal mágico que nos transpôs até uma dimensão medieval, cheia de charme. Assim é Kotor, cidade velha!

Logo na entrada deparamos com a Praça de Armas, o maior espaço aberto da cidade, composta pela Torre do Relógio, uma construção de 1602, o Palácio Duke, o Teatro Francês (atual Câmara Municipal), o Arsenal, que é um armazém de armas desde 1420,  e muito mais. 

Tudo perfeitamente conservado, com o mesmo piso em pedras brilhantes, que tínhamos observado em Dubrovnick, o último destino visitado pelo navio. Além disso há uma pirâmide que foi um local de torturas públicas, no passado. Daqueles com buracos para cabeça e mão. 

Igreja de São Nicolau: ortodoxa e sem bancos
Com o mapa em mãos adentramos as ruelas em busca de construções icônicas como o Mosteiro Franciscano de São Claro, as ruínas do Mosteiro Dominicano e a Igreja de S. Nicolau (ortodoxa, sem bancos), tudo construído entre os Séculos XVI e XVIII. 

Adiante deparamos com uma pequena igreja, datada de 1195: a Igreja de São Lucas, com traços de arquitetura romana e bizantina, católica até meados do Séc. XVII e cedida a crentes ortodoxos, em consequência de conquistas durante guerras. 

Hoje, curiosamente, a igreja compartilha dois altares, um católico e outro ortodoxo. Milagrosamente essa igreja foi um dos únicos prédios a não serem atingidos pelo grande terremoto de 1979, que assolou Kotor

Gatos: os reis do pedaço

Por todo caminho fomos encontrando gatos de todos os tipos, cores e tamanhos. Todos vivendo em paz, bem cuidados pelos locais. Deduzimos o porquê do nome "Cidade dos Gatos".  

Conta a lenda que os felinos são herança dos diversos navios mercantes que no passado deixavam gatos pela cidade. Hoje tornaram-se a marca registrada de Kotor e você encontrará lá diversas lojas com artigos dedicados aos bichanos, assim como suvenires, roupas, acessórios, artigos de casa e etc. 

Enfim, como a família real está para Londres, os gatos estão para Kotor, dando um incentivo para as vendas do comércio local. Há até caixas aceitando doações monetárias, para fundos que cuidam dos bichinhos abandonados. 

Arredores do Portão do Rio, com Igreja de Santa Maria e vista do Monte Ivan

Seguimos até o Portão do Rio (1540), que fica nos fundos da cidade, sempre passando por uma quantidade de cafés, restaurantes, lojinhas, tudo instalado em prédios bonitos, medievais. 

Em nosso caminho fizemos uma parada na Igreja Santa Maria (1224), no Palácio Grubonja (Séc. XVIII), até sair da cidade e deparar com a ponte sobre o Rio Skurda, que proporciona uma vista fantástica da massa cinzenta do Monte Ivan, que fica atrás da cidade velha

Aqui nos fundos da cidade ficam acessos para as escadas que levam ao topo da montanha. Até o Forte Ilírio e o Castelo de São João. Se você for aventureiro o suficiente e estiver em boas condições físicas, talvez curta subir as  escadarias que levam ao topo, com mais de 1.200 metros de altura, passando por algumas ruínas e construções significativas, como a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, de 1518. Minhas condições físicas não permitem este tipo de aventura, motivo pelo qual me dedico com afinco à história e gastronomia dos locais visitados! Além da apreciação dos gatos.

Detalhes da cidade com Catedral de São Trifon, com museu de arte sacra
Fomos costeando o morro pelos fundos da cidade, entrando em algumas praças e passando por prédios e igrejas seculares, passando por corredores estreitos, becos e ruelas, descobrindo construções magníficas. 

Passamos pelo Palácio Grgurina, de 1732, a Fonte Karampana, que já foi a única fonte de água da cidade, pela Catedral de São Trifon (1166), com museu de arte sacra, até chegar ao Portão Gurdic (Séc. XIII), na lateral dianteira da cidade. Aqui, escadas bem mais suaves que aquelas que sobem o Monte Ivan, nos levaram ao topo de um pedaço da muralha, que circunda a velha Kotor. Subida aqui é grátis. 

Lá de cima, apreciamos a Baía de Kotor e um pouco mais da cidade velha. Entre a grande quantidade de turistas, circulavam os gatos nativos que povoam todo canto de Kotor. Não cedemos a tentação de trazer um para casa, pois somos fieis ao nosso lema de viajar leve!

Arredores e vista do Portão Gurdic

Retornando para o Portão do Mar, passamos pela Praça da Farinha, onde fica o  Palácio Pima, que pertenceu a família Pima. Seu prédio chama atenção pelas suas ferragens trabalhadas e as janelas verdes. 

É uma mescla do período renascentista com o estilo barroco, já que foi reconstruído no Séc. XVII, após ser destruído por um terremoto. É uma das principais atrações da cidade. 

Palácio Pima (acima e a esquerda) e outros prédios elegantes da cidade histórica

O tempo para visitar a cidade murada foi generoso, o que permitiu que o marido retornasse ao navio e eu ficasse perambulando um pouco mais, matando a curiosidade de saber o que havia de bonito naquele comércio quase oriental, espalhado pelas ruelas e becos da cidade. 

Encontrei perto das ruínas do Mosteiro Dominicano uma feirinha de artesanato. Descobri que há muitos artigos do oriente médio, como as luminárias e vasilhas coloridas e, de origem russa, os papais noéis em madeira, pintados a mão. Além disso, todo tipo de artigo desde roupas, acessórios e uma gigantesca diversidade de produtos relacionados aos gatos. Os reis do pedaço!

Comércio bonito, com feira de artesanato, Papais Noéis em madeira pintada e artigos do Oriente Médio

Parece impossível visitar tudo isto em um dia. Mas não se preocupe, pois com o mapa fornecido pelo escritório de informações turísticas, na entrada, não há como se perder. A cidade é minúscula e, certamente, você aproveitará muito bem o seu dia. 

Para não correr o risco de perder o navio, retornei ao porto para pegar o barco auxiliar até o Raphsody of the Seas, da Royal Caribbean. Não preciso dizer que na partida voltei a admirar o Golfo de Kotor até o momento de entrar novamente no Mar Adriático, deixando para trás das mais belas recordações da viagem. 

Outras atividades em Kotor: no porto há agentes de turismo vendendo passeios de barco com vários programas como Mamula Island, Blue Grotto, Túneis Submarinos, Waikiki Beach, Perat, Village Rose, entre muitos outros. Por isso, se sua intenção for passar alguns dias na cidade, programas não faltarão. 

Moeda: Euro

Leia sobre outras cidades muradas: ÓbidosDubrovnikSan Gimignano, Colle di Val d'ElsaSiena e Monteriggioni. 

Assista abaixo ao filme produzido pela equipe do Viajando com Puny em visita a Kotor, Cidade Histórica!

Caso não consiga abrir o vídeo pelo mobile, vá ao fim desta página e acesse a matéria no modo "visualizar versão para web".

Leia aqui o roteiro completo desta viagem de 43 dias pela Europa.

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